O dia começou com o alarme de
incêndio a tocar! Acabadinho de me levantar, resolvi aquecer um pãozito em cima
da placa do fogão e o fumo disparou o alarme de incêndio :) Nada de grave,
embora o segurança de serviço tivesse vindo bater à porta do quarto :)
Seguiu-se a visita a Gyor, com direito a um
pequeno-almoço numa bela esplanada
de uma bela pastelaria … e a saída atribulada em direção a Komárom. Durante a
tentativa de encontrar a saída da cidade, passamos por uma zona onde estava a
decorrer uma prova de karting e aproveitamos para
perguntar a uns polícias se
estávamos na direção certa.
Pois, pois … falar inglês é que não é com eles :)
Lá apontei para o mapa e eles foram confirmando com a cabeça.
Descoberta a
ecovia, as primeiras pessoas por quem nos cruzámos foram uns tipos que vinham
em cadeiras de rodas. Não era novidade nenhuma, não fosse o caso de mais uns
metros à frente … voltarmos a ver mais alguns tipos em cadeiras de rodas que
saíam de uma zona de mata … e tinham um aspeto “estranho”. Fomos pedalando,
enquanto havia ecovia … e depois
acabamos por voltar a encontrar o tal sinal de
proibido a bicicletas, tratores, carroças, naves espaciais … e voltamos a não
respeitar a tal sinalização, seguindo a estrada com carros e camiões a passar a
alta velocidade. Como estava desejoso de sair daquela estrada, pedalei a todo o
gás … mas a estrada nunca mais terminava :( A certa altura, telefonei para o
Jonas, o nosso agente de viagens (
tapetevoador viagens), para ele me dar informações sobre os
preços que poderíamos encontrar no lago Balaton, já que
a continuação da viagem
até Esztergom através de estrada não estava nos meus planos. O lago Balaton era
um local que tínhamos colocado a hipótese de visitar, caso a viagem corresse
bem, ou seja, caso chegássemos a Budapeste antes do previsto e sobrasse um
tempinho para ir relaxar na “praia” :)
Cansado dos “trilhos” com que nos
estávamos a deparar na Hungria, aliado à má sinalização dos percursos, a ida a
Balaton passou a ser uma alternativa muito válida.
Assim, quando
chegámos a Komárom, fomos beber uma bebida fresca, um panaché em lata :) e dirigimo-nos à
estação de comboio para comprar bilhetes para o lago. Mais uma vez, ninguém
falava inglês/francês/espanhol … ou qualquer outra língua que estivesse no meu
currículo :) Enquanto tentava confirmar com a senhora da bilheteira se o
comboio das 16H11 ia para Székesfehérvár, e se daí teríamos ligação para o
lago, apareceu na fila um tipo novo que sabia falar inglês e nos confirmou que
aquele comboio nos levaria a Székesfehérvár, onde poderíamos apanhar outro para
o lago. Muito prestável, lá informou a senhora que queríamos dois bilhetes para
nós e mais dois para as bicicletas.
Já dentro do comboio, satisfeitos por irmos
para um fim-de-semana na “praia” :) fomos “abençoados” com um tipo que nos
acompanhou durante a viagem toda, sempre a falar … embora não tivesse percebido
nada da conversa dele … pois além de insistir em falar húngaro, estava bem
bebido :) Mas o certo é que ao chegar a Székesfehérvár lá nos indicou como
deveríamos fazer para nos dirigirmos à bilheteira e comprar os bilhetes para a
viagem até ao lago.
Nova bilheteira, nova aventura. Apontei no mapa para
Siófok, um local junto ao lago e que eu tinha visto haver comboio às 17H48.
A
senhora lá percebeu o que queríamos … e já estávamos a caminho do fim-de-semana
de descanso balnear :)
Fizemos a viagem nas últimas carruagens, destinada a
bicicletas e seus acompanhantes. Chegados a Siófok, dirigimo-nos ao posto de
turismo e lá conseguimos dormida para essa noite, sexta-feira, no “Hostel Touring Siofok” (não aconselho a ninguém, como poderão ler mais abaixo ... e se duvidam, vejam os comentários no Tripadvisor).
Para a noite de sábado, teríamos de tentar arranjar no dia seguinte. Mais uma
vez, tentávamos encontrar o hostel no mapa e a coisa não estava fácil.
Perguntei a umas raparigas que passavam de bicicleta e elas levaram-nos até lá …
ficava no caminho delas, segundo o que disseram :) Em frente ao hostel estava
montado o circo EXIT … espetáculo!!!
Depois do banhinho,
comemos uma sandosca
“caseira” no quarto e saímos para beber uma cervejinha num tasco em que estava a dar futebol, o Real Madrid Castilla contra o Villarreal. Que saudades de ver
uma futebolada!!! Enquanto nos deliciávamos com a cervejinha e matávamos
saudades do futebol, apreciávamos um borrachão (no verdadeiro sentido da
palavra) que ia percorrendo as mesas, sentava-se e acabava por escorraçar os
clientes :) Chegada a nossa vez, disse qualquer coisa na língua dele … acho eu
:) … ao que eu respondi “Não compreendo, Portugalo” e ele lá ficou
sossegadinho, sentado na nossa mesa, sem incomodar, quase a dormir … e de vez
em quando, dizia-me qualquer coisa … que eu não percebia, é claro :) Lá para o
fim do jogo, voltou a “acordar” e deu-me a entender que queria fazer braço de
ferro comigo :) Mostrei-lhe que não era justo … o tipo era um “bisonte” …
acabando por desistir e resolvendo engraçar com a minha careca :) Fazia-me
festas na testa, sem aleijar … não sei como o conseguia, com a tosga que estava
… não incomodando e dando uma imagem engraçada para todos os presentes. Acabou
por dar uma golada no resto da minha cerveja e eu, prontamente, ofereci-lhe o
resto e disse que tínhamos que ir embora. Teve que ser, antes que a coisa se
complicasse :) Regressamos ao hostel e no hall do andar do nosso quarto,
estavam quatro francesas sentadas no sofá, com as pernas esticadas e não nos
deixavam passar … mas acabamos por passar :)
No quarto, deparamos com uma
infinidade de bicharada … aranhas, mosquitos … de tamanhos intimidatórios …
muito mais intimidatório que o tamanho do bêbado que se meteu
connosco no tasco
:)
O resto da noite … só visto!!! A tantas horas, chega um grupo que me pareceu
dos franceses que tínhamos visto,
todos bêbados, aos gritos … um a cantar o
Yellow dos Coldplay (estão a imaginar um francês bêbado a cantar em inglês?) …
despejavam ou atiravam garrafas pelo ar … um barulho que só visto, ou antes,
só ouvido :) Mais tarde, às 6 da manhã (desta vez, liguei o telemóvel para ver
as horas), chega outro grupo, que me pareciam húngaros, que também
gritavam,
batiam com as portas, davam murros nas portas dos outros quartos … Conclusão:
não dormi nada de jeito … mas não estava preocupado, porque era dia de
descanso, não íamos pedalar :)