O despertar foi cedo – porque era
preferível pedalar durante a manhã, evitando as horas de mais calor, e porque
quem se deita cedo, acorda cedo :) – e o pequeno-almoço foi tomado “em
família”. Fomos os primeiros a sentar-se à mesa mas não tardou para que a
senhora e o tal casal, mais os filhos de ambos, se juntassem a nós. Uma mesa
farta e onde acabei por falar um pouco com o homem (do tal casal) - que é
austríaco - e fiquei a saber que já é costume irem de férias para aqueles lados
e ficarem naquela casa. Tratei de preencher o registo de termos lá dormido, que
era igual ao do
Rotel Inn, e percebi que a senhora dizia que se não nos desse
aquilo para preencher e os “fiscais” soubessem, estava tramada. Ou seja, os
quartos particulares são alugados mas pagam impostos, caso contrário … ui
ui - ou seja, na Áustria não há muito
espaço para economia paralela, os impostos são para pagar. Se fizessem o mesmo
em Portugal, talvez acabassem por perceber que afinal os gastos com a função
pública não são a única e tão grande causa do descalabro das nossas finanças –
mas isso são outras conversas.
Despedimo-nos de todos,
tirei mais umas fotos
(com o telemóvel) daquele magnífico jardim que a casa tinha e saímos para a
nossa jornada, que começou com umas compras de comida e bebida para a viagem. O
objetivo era ir almoçar a Linz, apreciando as paisagens e localidades que nos
iam surgindo. E assim foi.
Ao chegar a Linz, dirigimos-nos ao posto de
informações/turismo para saber se havia algum sítio onde pudéssemos deixar as
bicicletas e sacos enquanto visitávamos a cidade. Não foi preciso ir muito
longe, eles tinham esse serviço :) Bastava pagar 1€ pelo cacifo, onde cabiam
todas as nossas coisas, e deixar 5€ de caução que nos eram devolvidos assim que
devolvêssemos a chave do cacifo. Além disso, podíamos deixar as bicicletas numa
área no interior do edifício deles. Bem fixe! Lá demos as nossas voltinhas para
ver algumas das principais ruas e a
catedral/sé que estava mais perto, com
paragem num banquinho de jardim para o almoço :) “Visita de médico” feita,
porque é impossível ver tudo em todos os locais, seguimos o nosso caminho, sendo
Enns a próxima paragem mais demorada.
Antes de chegar a Enns, tivemos um
pequeno engano no trajeto e acabamos por ir até ao local onde o rio Enns desaguava
no Danúbio, quando o objetivo era ter saído da margem do rio e ir para Enns
localidade :) Acabamos por encontrar o caminho correto e quando estávamos a
chegar, cruzamo-nos com um grupo enorme de cicloturistas - as camisolas diziam
algo do tipo “Paris, Tóquio, Londres” - que tinha acabado de perder o rasto a
alguns elementos. Estavam a fazer o trajeto em sentido contrário ao nosso e,
pelos vistos, aquela zona tinha alguns problemas na marcação do percurso.
Chegados a
uma praça em Enns, sentamo-nos a comer uma sandosca e a beber uma
cervejinha Kaiser :)
Era hora de voltar à estrada – e fizemos mesmo um bocado
de estrada para evitar de passar o rio de ferry, porque Grein fica na margem
contrária. Assim, passamos o rio noutro local mais à frente onde tinha uma
barragem/ponte e evitamos gastar mais uns eurinhos :) Ao chegar a Mitterkirchen
pedimos informações sobre dormidas em Grein e só nos arranjavam dormida em
Sarmingstein, que ficava um pouco mais à frente. Como pretendíamos fazer como
nos outros dias, dormir e apenas visitar a localidade de manhã, não nos
interessava ir lá dormir ter de andar para trás durante a amanhã. Além disso,
fiquei na dúvida se quando perguntei pelas dormidas referi que apenas queria
quartos particulares e, assim sendo, era provável que houvesse dormida em
Grein.
Chegamos já ao fim da tarde e lá conseguimos
ficar numa pensão, por 35€/pessoa, a Gasthof "Zur Traube".
Banho tomado, bla bla bla, fui jantar a uma pizzaria e pedi uma Pizza “Devolo”
ou algo assim, que da maneira que picava, deduzo que tenha algo a ver com
demónio :) Quando saí da pizzaria, para minha surpresa, estava a chover
miudinho. Mais tarde, já na pensão, fui espreitar o céu e já estava estrelado
outra vez – deve ter sido uma nuvem passageira, pensei eu.